Encantos perdidos

Uma história de encantar,
Romance de príncipes e princesas,
Um amor por desvendar,
Às altivas e rígidas realezas,

Um homem e uma mulher
Dois seres em um se uniram,
Tiveram o melhor fruto que se pode ter,
O amor pelo qual morreram,

Fruto socialmente proibido,
Sedução, carinho e paixão,
Sentidos que lhes devoram o sentido,
Por não poderem abrir o seu coração,

Suor, lágrimas e tudo,
Com direito a cenas de terror,
Mas ainda assim não destruíram sobretudo,
Do seu coração o seu grande grande amor,

Num sentimento calado,
Um gemido torcido,
Um rei destroçado,
P’lo seu filho perdido,

Se apaixonou por uma criada,
Qual coração abandonado,
Poderá ser a beleza condenada,
Deste pobre homem enamorado?

O amor com flores nasceu
Nessa quinta com nome de sofrer
Assim como nasceu, morreu
Pela palavra do seu querer,

As trevas vieram,
Cobertas de negro em fatos vis,
Com mantos sombrios
Envergando as insígnias Reais,

Nesse país onde tudo acontecia,
Tu foste uma pura vítima, Inês
E quis deus que tu um dia,
Fosses rainha do país que rainha te fez



E o teu cavaleiro alado?
Que chorou por ti nessa Fonte de Pranto?
Sim, esse Pedro destroçado
Que encontrou em vossos filhos encanto,

O homem que te coroou,
O homem que para ti versos cantou,
O homem esse que te chorou,
O homem esse que te amou.

Na neblina desse dia tão negro,
Uma ponta trespassou o teu regaço,
Branca e gélida te encontraram,
Aqueles que te ofereceram o seu abraço,

O teu coração para sempre lá ficou,
Nessa fonte de água cor de rubi,
Das manchas que o teu chorar deixou,
O chorar que Pedro chorou de amor por ti,

Essa quinta para sempre imortalizada,
Pelo romance mais bonito que Portugal já viu,
Na história ficará para sempre marcada
A negrura da maior maldade a que coroa já assistiu,

Hoje lá estás tu,
Frente a frente com o teu cavaleiro de sonhos,
Castelhana feita portuguesa Inês és tu,
Que no teu templo tem o tumulo dos mais risonhos,

Para sempre fica contigo
O apunhalar de uma paixão,
Tão bonita quanto proibida,
Por esse bravo coração

De português engalanado
De filho por si mesmo desonrado,
De Rei de Portugal tornado
E de homem…e que homem,

Para sempre apaixonado…